quinta-feira, 9 de abril de 2009

Gostar de ti


A minha vida sempre foi muito normal, monótona. Conhecia pessoas, criava novas amizades; desiludia e encantava; ria e chorava. Como qualquer pessoa o deseja, andei à procura do amor. Obviamente não fiquei obcecada, mas claramente queria encontrar alguém que me aceitasse do modo que eu sou, que não me julgasse nem me criticasse ao mínimo erro que encontrasse em mim. Queria alguém capaz de me admirar pelo que faço mesmo sendo algo normal. Via jovens casais pelas ruas de mãos dadas, os brilhos dos olhos a pairar no ar, a nostalgia que criavam os sorrisos, os doces e fortes abraços, os suaves e profundos beijos e imaginava-me a contemplar esses momentos com alguém, com a pessoa certa mas de certo modo ainda não tinha encontrado a pessoa ideal.

Era noite e chovia. Tinha combinado um café, um simples café entre amigos. Éramos quatro; dois casais e um deles já com compromisso. O outro nem por isso, pois era a primeira vez que se viam. Eu, sem saber o que me esperava, tomei o meu rumo pensando ser apenas um café. Cheguei ao local combinado, à hora combinada e apenas via pessoas normais numa paragem de autocarro a se abrigarem da chuva que tanto teimava em cair. Olhei em meu redor e não via rastos de ninguém conhecido. Esperei por algum aviso de chegada e de repente virei-me. Por entre as gotas de chuva, vejo uma sombra. A sombra de alguém que aos olhos dos outros era simplesmente um estranho, aos meus muito longe disso. Ainda tenho na minha cabeça, cada fracção de segundo em que me aproximava dessa sombra. Olhei-a, admirei-a, observei-a. Um belo olhar se cruzou com o meu e sem querer um esbelto sorriso estampou-se na minha cara. Senti um calor entre a espinha, senti uma sensação estranha no peito. Seria um sinal? Não sei e tão pouco sei responder.

Conversamos, olhamos, sorrimos, contamos histórias. Sempre sem ficar sem tema de conversa. Senti-me tão bem, uma pessoa diferente. Percorri novamente o meu caminho e no dia seguinte, novamente houve café. Sem hesitar, aceitei. E das razões mais fortes que me levou a aceitar foi não conseguir esquecer nem por um minuto a tal sombra de alguém que hoje se tornou especial.

Pude sentir a suavidade dos seus lábios, pude sentir junto a mim a sensatez de cada palavra, pude olhar e admirar o mais belo sorriso do mundo, cheguei a puder sentir a vibração e o calor do seu corpo junto ao meu. Esse alguém conseguiu entrar em meu coração e para além do mais, conseguiu deixar pegadas enormes. Por outras palavras, conseguiu conquistar-me.

Memorizei cada traço do teu rosto; consigo descrever-te em apenas uma palavra: perfeito. Sim, aos meus olhos, a perfeição existe e esta está em ti. Vim para ficar e quero poder marcar a diferença.

Hoje, escrevo sobre ti. Deitada na cama, aquecida pelos lençóis, com a claridade de uma pequena luz, penso em ti e no que, em tão pouco tempo te tornaste para mim. Voltaria a viver cada dia que passou e não mudaria nenhum segundo passado a teu lado. Ver-te faz de mim feliz, tocar-te faz de mim feliz, sentir-te mas de mim feliz, ter-te faz de mim a pessoa mais feliz.

Sabe tão bem gostar de ti.

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