quinta-feira, 9 de abril de 2009

Uma grande mulher


Adoro e admiro um simples factor nas pessoas: a simpatia. Não nos vale de nada estarmos chateados com algo que nos pertuba e descarregar em cima de outro alguém. O nosso dever devia ser colocar sempre um sorriso no rosto perante todos e deixar de lado os nossos problemas. Eu, obviamente tal como muitos, sempre que tenho um problema nunca o tiro da cabeça e ando às voltas e voltas para tentar arranjar solução pois gosto de ter ordem e organização na minha vida.
Tento abafar a minha tristeza pensando em momentos bons que já tive e nas pessoas que os contemplavam e para isso costumo sempre dar uma volta à beira-mar. Adoro sentir a brisa, sentir os raios de sol a profurarem a minha pele, sentir um calor amoroso dentro de mim e olhar admirando as ondas do mar e o ruído elegante que fazem ao tocarem nas rochas.
Penso para mim mesma, questiono-me a mim própria e tento responder-me mas por vezes torna-se complicado achar a resposta. Tomo o meu rumo de novo para casa, sempre com um pequeno sorriso nos lábios mas por dentro uma imensidão de lágrimas desejando saltitar cá para fora. Chego à vizinhança, onde reparo nas belas senhoras a conversarem de varanda para varanda, a contar como lhes corre a vida. Inocentemente, interrompo e digo “-Boa tarde!” com um pequenino sorriso, mas nada mais me sai da boca. Calada, continuo o meu caminho. À esquina da rua, sentada à porta de casa na sua cadeirinha já um pouco antiga, está a dona Maria José; uma mulher com imensa experiência de vida, onde já sofreu, já amou e foi amada. Sempre de bom humor, pergunta-me como estou e como me correu o dia. Minimamente, abro-me e falo um pouco. Em vez de ficarem presas na minha garganta, solto as palavras e começamos um diálogo. Conto-lhe que estou um pouco cansada mas que o dia até me correu bem. Por momentos sinto uma forte necessidade de lhe contar o que tanto me perturba cá dentro, mas penso e não quero estar a incomodá-la com os problemas de uma simples adolescente.
“E consigo, está tudo bem? Que fez hoje?” – pergunto. E ela, com um olhar de quem já viveu o que havia para viver, responde “Oh filha, o meu dia-a-dia já é normal. Arrumei a casa, fui ao café e agora estou aqui a pensar e a ver quem passa na rua. As férias como estão a correr?”, “Estão a ser óptimas, um pouco de descanso e um café de vez em quando com os amigos... estava mesmo a precisar” respondo. E ela, com um belo sorriso, afirma: “Mas tens que te preparar novamente para as aulas, estudar para tirares o teu curso, teres boas condições de vida e seres alguém no mundo”.
Pode parecer apenas mais uma pessoa no meio de uma multidão, mas para mim é um pouco diferente: é uma pessoa simpática, no meio de uma multidão que pouco se importam com os outros, apenas consigo mesmo. E é por essa simples razão, pelo simples facto desta grande mulher se preocupar comigo e me sorrir todos os dias, que dedico e escrevo este texto. Sei que ela não o vai ler, mas quem o ler saberá que eu admiro o pouco mas o bom das pessoas.

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